Caros, depois de bastante tempo resolvi escrever um artigo no meu site e o tema escolhido tem muito a ver com a invasão de nossa área profissional por profissionais estranhos a ela e no que eu acredito ser o principal motivo disto acontecer, a qualidade questionável dos serviços que alguns colegas nossos de profissão estão praticando.

Em função de uma vida sedentária, alguns problemas de saúde me afetaram e ao consultar um médico veio a informação mais óbvia do mundo "você tem que fazer exercícios".

Assim voltei a andar de bicicleta, que é o único exercício que gosto de fazer. Mas por que deste início?

Como todo bom sedentário cai da bicicleta e além de escoriações, machuquei um pouco mais sério a segunda articulação metacarpofalangeana da mão direita, com risco de fratura.

Daí a necessidade de procurar um serviço hospitalar de ortopedia, foi o que fiz.

Chegando a um hospital bem conceituado da zona oeste da cidade do Rio de janeiro, fui atendido por um ortopedista que logo requisitou um exame radiográfico convencional da mão.

O hospital possui um sistema CR com PACS e assim o exame realizado foi direto para o consultório do médico e isto é muito bom, pois evita introdução de artefatos pela impressão da imagem.

Mas o problema, para minha infelicidade, foi o exame radiográfico da mão realizado pela profissional das técnicas radiológicas. Um exame muito ruim.

Como eu tinha um edema no local e dor, não consegui fazer o posicionamento para uma incidência PA de mão com o segundo dedo paralelo ao chassi e muito menos colocar a mão em 45° para o posicionamento oblíquo.

Para quem estudou de verdade e deu importância as disciplinas de MATEMÁTICA e ELEMENTOS DA RADIOLOGIA, nada de mais, bastaria uma pequena angulação para manter o feixe perpendicular em relação a estrutura no PA e avaliar, com um goniômetro, qual era a angulação de minha mão e compensar esta angulação no feixe de raios X. Nada que o tópico de simetria de triângulos, que é revisado na disciplina de matemática, e o uso de goniômetro, que é visto na disciplina de elementos,  não ensine.

Mas a profissional estava mais preocupada em mandar mensagem de WhatsApp do que em me observar e ver minhas limitações.

Assim a solução dela foi tentar puxar meu dedo, com dor e edema, para que ficasse na posição padrão para que ela do alta de sua incompetência, conseguisse fazer o exame. Isso sem falar na total inobservância dos ensinamentos de proteção radiológica.

O resultado disso é que minha dor não permitiu este posicionamento e as radiografias ficaram inconclusivas, pois o médico não conseguiu saber se a imagem mostrava uma linha de fratura, um osso sesamoide sobre exposto ou um artefato em função da qualidade ruim do trabalho realizado.

Para minha felicidade, amanheci com menos dor, menos edema e com movimentos no dedo e na mão, mas o problema é que a profissional das técnicas radiológicas que me atendeu podia, além da imagem ruim que fez, ter agravado muito minha lesão como infelizmente acontece em serviços de radiologia pela falta de qualidade de alguns colegas de profissão.

Numa época que a classe busca encontrar caminhos para fazer frente a pressão do mercado para que nossas atividades profissionais sejam exercidas por outros, não podemos admitir de forma nenhuma serviços com esta falta de qualidade.

Diante disto venho reforçar a enorme necessidade de darmos importância a todos os aspectos de nossa formação acadêmica, nenhum ensinamento é menor ou dispensável, principalmente os ensinos de MATEMÁTICA, ELEMENTOS ou FÍSICA que são ofertados nos cursos de formação de Tecnólogos e Técnicos em Radiologia.

Deem sempre o RESPEITO e a IMPORTÂNCIA que nossa profissão merece, para que não sigamos lamentando mais e mais invasão de profissionais estranhos a nossa área de atuação profissional.